domingo, 3 de julho de 2011

Todo goleiro é louco

No início dos anos 80, antes da ADC Intelli tomar parte nas competições oficiais da FPFS (Federação Paulista de Futsal), a agremiação já era destaque no município de Orlândia e nas disputas acirradas promovidas por clubes tradicionais, que envolviam equipes da cidade.

Em um desses torneios, em que as partidas ocorreram nas quadras do CREO (Clube Recreativo de Esportes de Orlândia) e A.A.O (Associação Atlética de Orlândia), o técnico da equipe, Cidão, que já nessa época comandava o futsal orlandino, decidiu formar um ‘expressinho’, com atletas juvenis, que ainda despontavam para o futsal e formar outra equipe com nomes já consagrados.

O domínio intelliano foi tamanho na competição municipal, que as duas equipes chegaram à decisão. Na grande final, os ‘meninos’ entraram em quadra ávidos por mostrar seu talento e quem sabe receber uma chance na equipe de cima e como se isso não bastasse, outros temperos apimentaram ainda mais o duelo caseiro.

Antes do apito inicial, o técnico Cidão, que já entrou em quadra como campeão e vice, já que dirigia as duas equipes finalistas, foi para as arquibancadas assistir de camarote e viu o artilheiro Nildo da Rocha, da equipe principal, fazendo ‘chover’, mas parando sempre na grande atuação do jovem cascão, goleiro do expressinho.

‘Nildinho’ precisava de apenas um gol para se tornar o maior artilheiro da competição, o tempo passava e esse tento heróico não vinha, quem se consagrava era Cascão. A atuação do goleiro era tão impressionante que tirou do sério até mesmo o presidente do Grupo Intelli, Vincenzo Antonio Spedicato, que via do banco de reservas as suas duas equipes decidindo o título, mas a artilharia do torneio escapando entre os dedos.

A poucos minutos do final, Vincenzo deu a ordem para que Cascão parasse com a ‘palhaçada’ e tomasse logo o gol de Nildinho. No auge de sua juventude, o arqueiro arrancou a camisa, diante das arquibancadas lotadas, jogou no chão e deixou a quadra, alegando que não cumpriria a ordem.

Não teve cristão capaz de fazer Cascão repensar a decisão. Nildo não se tornou o artilheiro da competição e Vincenzo ficou irado.

Mas não, se você pensa que a indignação do patrono da equipe era pelo fato do goleador da competição não ser de seu time, está enganado. O motivo da fúria foi por ver o ‘manto sagrado’ da Intelli estirado no chão, foi necessário muito diálogo e intercessão de muita gente junto ao presidente, para que o arqueiro corajoso não se tornasse estatística do IBGE, na área da taxa de desempregados.

Um comentário:

  1. Caramba que historia!!!
    Esse goleiro era mesmo louco mas acima de tudo foi profissional não tomando o gol.

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